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Como as parcerias podem potencializar os projetos sociais de educação?


Texto escrito e publicado na Portal do Impacto - Phomenta

Por Ana Carolina Ferreira - Diretora da Partilha


Para finalizar a série de textos de 2022, na qual propusemos refletir sobre as relações entre educação e desenvolvimento social, eu gostaria de tratar de um tema crucial para potencializar a educação que acontece fora da escola e que contribui para o desenvolvimento pessoal, profissional, social, comunitário e cidadão: as parcerias. Cooperação, objetivos comuns, sinergia, possibilidades, eficiência, compartilhamento, são algumas das palavras que saltam aos olhos quando se procura o significado dessa palavra tão usada no terceiro setor. Hoje queremos conversar sobre como as parcerias podem potencializar nossos projetos sociais de educação, vamos lá?!


Primeiramente precisamos refletir sobre o que de fato é uma parceria no terceiro setor e como trabalhar em rede é fundamental para promover transformação. Conforme discutimos nos textos anteriores, acreditamos nas parcerias porque os beneficiários que atendemos em nossos projetos sociais - seja uma vez por semana ou de segunda a sexta - são indivíduos multidimensionais. Se os educandos que participam das ações oferecidas por nós têm outros papéis e relações sociais e também recebem (ou deveriam receber) outras oportunidades de aprendizagem, por que não trabalharmos de forma mais conectada, já que o desenvolvimento é integral e, deveria, portanto, ser integrado?


Parcerias são possíveis, potentes e eficazes quando unimos esforços por objetivos comuns, entendendo como cada ator social pode contribuir com o que tem de melhor para alcançar o que se deseja coletivamente. Para isso, primeiramente é preciso compreender bem a identidade da organização e dos projetos sociais de educação que são desenvolvidos. Quem somos nós? Por que fazemos projetos educativos? Qual é a nossa concepção de educação em relação ao desenvolvimento social? Quais são os fundamentos da nossa atuação educativa?


Além disso, é preciso também conhecer bem o público das ações. Quem são os beneficiários? O que os caracteriza? Quais são as demandas sociais? Quais são os desafios para promoção do desenvolvimento? Assim como entender sobre o território. Quais são as características da comunidade? Quais são as demandas sociais, econômicas e culturais? Quem são os atores sociais (públicos ou privados) que aqui atuam? Qual a relação da comunidade entre si, com os serviços públicos, e com a(s) organização(ões) sociais que ali atuam?


A partir desse diagnóstico é possível, portanto, estabelecer conexões. E as possibilidades são muitas! A escola ou as escolas nas quais os beneficiários da instituição estudam, as instituições de saúde e de assistência social da região, outras entidades ou mesmo movimentos comunitários… Enfim, se o público é o mesmo e o objetivo de transformação social é comum, nada melhor que unir forças!


Conectando as instituições e construindo redes é possível que cada organização ofereça suas potencialidades e seja complementada em suas dificuldades e desafios. Se a sua instituição desenvolve um projeto educacional voltado ao mercado de trabalho, por exemplo, é possível relacionar algumas atividades ao cotidiano escolar e ofertar uma feira de profissões, assim como entender quais são as lacunas de escolarização que impedem os educandos de serem inseridos em oportunidades de emprego. É possível também ter um diálogo com a assistência e desenvolvimento social, que, em alguns municípios, oferta formações profissionalizantes ou pode ser uma articuladora na relação com as empresas. Sem falar na área da saúde, que com ações de saúde mental pode apoiar o desenvolvimento desses jovens e sua relação com a ansiedade, muito frequente quando o assunto é ingressar no mundo do trabalho. Esse é só um exemplo de que, além de ser impossível isolar as ações já que elas atendem um mesmo grupo de pessoas, conectar esforços pode ser potencializador.


Portanto, o convite do texto de hoje é que vocês olhem para os projetos sociais de educação que desenvolvem e pensem sobre as possibilidades de parceria que podem existir. É também para se pensar se as parcerias que já estão estabelecidas estão sendo “usadas ao máximo”. E, ainda, se existem oportunidades de desenvolvimento que não estão sendo ofertadas e que podem vir a ser se a sua instituição unir forças a outros atores.


Porém, fica um ponto de atenção! Assim como dissemos que para fazer projetos educativos não basta juntar crianças numa mesma sala, fazer parceria também é mais complexo do que cada um fazer uma parte do processo. É preciso responder a todas (e mais algumas outras várias) perguntas que fizemos ao longo do texto e entender se realmente há sinergia. Não é possível desenvolver projetos educativos de forma conjunta se as concepções, os desejos e os valores não “conversam”. E também é muito importante que os acordos sejam feitos com transparência, para que todos deem “o melhor de si para o bem de todos”.


Parafraseando novamente aquele famoso provérbio africano: é preciso uma comunidade inteira para promover desenvolvimento que seja de fato transformador para crianças, adolescentes e jovens. Se parcerias forem feitas com propósito, estratégia, de forma bem estruturada, com alinhamento e aproveitando todo o potencial dos agentes envolvidos, nossos beneficiários certamente terão muito a ganhar e a comunidade vai respirar transformação.


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