Texto escrito e publicado na Portal do Impacto - Phomenta
Por Ana Carolina Ferreira - Diretora da Partilha
É com muita alegria que retornamos a este espaço tão rico de construção e troca de conhecimentos para compartilhar algumas reflexões que possam apoiar o desenvolvimento de projetos sociais de educação das organizações sociais que estão sempre por aqui se aprimorando! Se você está chegando agora por aqui quero te contar que o objetivo dos meus textos neste ambiente é colaborar com a potencialização da relação entre Educação & Desenvolvimento Social, que na minha visão, conhecimentos e experiência é riquíssima para promoção de transformações e impactos individuais e comunitários. Então, se esse tema te interessa, bora prosear mais, que tal?!
Quando estava refletindo sobre o que eu poderia trazer este ano para o Portal do Impacto, reli os conteúdos das duas primeiras séries que foram produzidas em 2021 e 2022. Iniciamos essa parceria trazendo dicas de estrutura, conteúdo e avaliação para os projetos sociais de educação, afinal, entendemos que para que a transformação aconteça “lá na ponta” é preciso cuidar de vários aspectos nos bastidores. Depois, refletimos sobre a potência da educação e dos processos formativos para o desenvolvimento social e comunitário, reconhecendo o importante papel do terceiro setor na promoção de oportunidades de formação e desenvolvimento nas comunidades.
E foi assim que cheguei ao tema central desta série: as e os educadores sociais - como gerir e qualificar esse time, afinal de contas, são elas e eles que estão diretamente com os beneficiários construindo (ou não) os resultados que tanto almejamos, não é mesmo?! Então, qual é o papel da gestão diante dessa equipe e como cuidar para que ela seja cada vez mais potente?
Mas antes de responder a essa que é uma questão muito desafiadora, precisamos conversar sobre o papel de educador social. Em uma rápida pesquisa sobre o termo na internet aparecem definições como: formação integral de pessoas em situação de vulnerabilidade social; integração social de indivíduos; transformação de educandos; interação família e sociedade, entre outros.
Eu, particularmente, enquanto educadora social, gestora de projetos sociais de educação, formadora de educadores, entre outros papéis, concordo plenamente com essa definição ampla e profunda de qual é nossa atuação e responsabilidade social. E creio também que é urgente que todas as pessoas que trabalham no terceiro setor reconheçam a importância da execução consciente e potente desse trabalho, inclusive as(os) próprias(os) educadoras(es) sociais.
Pela minha lembrança, a própria utilização do termo/da nomenclatura educador social é recente. Quando comecei a trabalhar com educação fora da escola eu tinha inúmeras dificuldades de explicar para as pessoas da família o que eu fazia ou ainda de preencher o campo “profissão” em diversos formulários.
Ser educadora social é trabalhar diretamente e diariamente oferecendo oportunidades de desenvolvimento, reconhecendo e desenvolvendo potenciais, acolhendo demandas, conectando redes, transformando vidas. E, nesse sentido, é preciso estar em constante desenvolvimento e reflexão teórico-prática sobre esse fazer.
E aí é que eu pergunto para você que é da gestão: Quem são os educadores sociais da sua organização? Em vários casos que conheço e acompanho, as pessoas não são, a priori, educadores sociais, mas elas se tornam. Seja por uma formação inicial em temas trabalhados pela instituição - como arte, cultura, esporte - seja por um encontro não programado, mas apaixonante e definitivo com o terceiro setor. Por isso é tão importante retomar a questão da série: como gerir e qualificar esse time?
O primeiro passo é conhecer essas pessoas! Em outros textos já publicados aqui no portal eu comentei que qualquer pessoa que atua em um processo educativo/formativo precisa ser vista pela gestão como um CPF, para além do CNPJ. Quais são as concepções de mundo, de indivíduo e de sociedade que atravessam o fazer educativo desse profissional? Quais são as suas experiências profissionais e sua formação anteriores ao início do trabalho com educação social? Qual é o propósito de trabalhar no terceiro setor? Como a educação é percebida na teoria e na prática desse educador? Quais são seus propósitos de desenvolvimento pessoal e profissional? Como essa pessoa chegou até aqui?
É só a partir dessa proximidade e dessa conexão que é possível promover alinhamentos, potencializar processos, promover transformações nas organizações sociais que trabalham com projetos de educação. É por isso, gestor, que esse é meu primeiro convite nesse nosso novo papo por aqui. Conhecer e (re)conhecer quem está diariamente atuando com seu público é fundamental para que vocês melhorem os processos, alinhem expectativas e condutas, elaborem novos projetos, tenham mais resultados. Que tal marcar um café para conversar com sua equipe de educadores sociais?
E, antes de encerrar, preciso deixar mais uma provocação! Além dos educadores sociais que atuam formalmente nesse papel, sabia que todas as pessoas da instituição - inclusive você - também são educadoras? Da recepção do educando até a saída dele da organização, todas as pessoas com as quais ele tem contato podem inspirar, orientar, influenciar e, por isso, é preciso “falar a mesma língua”. Mas isso é assunto para aprofundarmos outro dia.
Se esse papo fez sentido para você, continue acompanhando esta série. Minha intenção é trazer provocações e dicas para que ao cuidar e fortalecer sua equipe de educadores sociais você e a instituição sejam ainda mais efetivos, eficazes e transformadores!
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